Maledicência - Não fales mal de ninguém.

Copiei esta preciosidade do site http://www.ahau.org/hubertorohden.0.html

Hubert Rohden, autor de 65 livros, a maioria de filosofia, o tubaronense Huberto Rohden (1893-1981) foi um estrangeiro em território catarinense. Pouco conhecido, o escritor filho de roceiros e lavradores em Braço do Norte, quando o município pertencia ao distrito de Tubarão.  


Toda pessoa não suficientemente realizada em si mesma tem a instintiva tendência de falar mal dos outros.

Qual a razão última dessa mania de maledicência?

É um complexo de inferioridade unido a um desejo de superioridade. Diminuir o valor dos outros dá-nos a grata ilusão de aumentar o nosso valor próprio. A imensa maioria dos homens não está em condições de medir o seu valor por si mesma.

Necessita medir o seu próprio valor pelo desvalor dos outros.

Esses homens julgam necessário apagar as luzes alheias a fim de fazerem brilhar mais intensamente a sua própria luz. São como vaga-lumes que não podem luzir senão por entre as trevas da noite, porque a luz das suas lanternas fosfóreas é muito fraca.

Quem tem bastante luz própria não necessita apagar ou diminuir as luzes dos outros para poder brilhar. Quem tem valor real em si mesmo não necessita medir o seu valor pelo desvalor dos outros. Quem tem vigorosa saúde espiritual não necessita chamar de doentes os outros para gozar a consciência da saúde própria.

As nossas reuniões sociais, os nossos bate-papos são, em geral, academias de maledicência. Falar mal das misérias alheias é um prazer tão sutil e sedutor – algoparecido com whisky, gin ou cocaína – que uma pessoa de saúde moral precária facilmente sucumbe a essa epidemia. A palavra é instrumento valioso para o intercâmbio entre os homens. Ela, porém, nem sempre tem sido utilizada devidamente. Poucos são os homens que se valem desse precioso recurso para construir esperanças, balsamizar dores e traçar rotas seguras.

Fala-se muito por falar, para "matar tempo". A palavra, não poucas vezes, converte-se em estilete da impiedade, em lâmina da maledicência e em bisturi da revolta. Semelhantes a gotas de luz, as boas palavras dirigem conflitos e resolvem dificuldades. Falando, espíritos missionários reformularam os alicerces do pensamento humano. Falando, não há muito, Hitler hipnotizou multidões, enceguecidas, que se atiraram sobre outras nações, transformando-as em ruínas. Guerras e planos de paz sofrem a poderosa influência da palavra.

Há quem pronuncie palavras doces, com lábios encharcados pelo fel. Há aqueles que falam meigamente, cheios de ira e ódio. São enfermos em demorado processo de reajuste. Portanto, cabe às pessoas lúcidas e de bom senso, não dar ensejo para que o veneno da maledicência se alastre, infelicitando e destruindo vidas.

Pense nisso! Desculpemos a fragilidade alheia, lembrando-nos das nossas próprias fraquezas. Evitemos a censura.